segunda-feira, 13 de abril de 2015

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O paracer favorável dá ao religioso o título de Servo de Deus, primeiro passo do processo rumo à canonização

Notícia publicada em 08/04/2015, atualizada em 10/04/2015.
Vaticano autoriza processo de beatificação de Dom Hélder Câmara
A Arquidiocese de Olinda e Recife divulgou nesta quarta-feira, 8 de abril, a autorização do Vaticano para início do processo de beatificação e canonização de Dom Hélder Câmara. Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teve forte atuação social e política.
O paracer favorável foi emitido pela Congregação para a Causa dos Santos, e dá ao religioso o título de Servo de Deus, primeiro passo do processo rumo à canonização. O pedido de beatificação à Santa Sé foi enviado em maio do ano passado, pela Arquidiocese de Olinda e Recife.
Com a autorização para iniciar o processo diocesano, a Arquidiocese inicia nova fase. De acordo com a Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister, que rege as normas relativas às Causas dos Santos, haverá a investigação “sobre a vida, as virtudes, o martírio e a fama de santidade ou de martírio, sobre os possíveis milagres e, eventualmente, sobre o culto antigo de um servo de Deus, para o qual se pede a canonização”.
A etapa seguinte consiste em reconhecer suas “virtudes heroicas”. Para isso, uma comissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o “Dom da Paz”, como dom Helder é conhecido.
Em seguida, o relator do processo, nomeado pela Congregação para a Causa dos Santos, elabora um documento denominado Positio. Trata-se de um compêndio dos relatos e estudos realizados pela comissão. Assim que aprovado, o papa concede o título de Venerável Servo do Deus.
O passo seguinte é o da beatificação. Ser beato, ou bem-aventurado, significa representar um modelo de vida para a comunidade e, além disso, ter a capacidade de agir como intermediário entre os cristãos e Deus. Depois disso, ainda é preciso passar por mais uma fase: a canonização. Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de um milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como beato.
A abertura oficial do processo de beatificação será realizada no dia 3 de maio, às 9h, durante missa celebrada na Catedral da Sé, em Olinda, onde está enterrado o corpo de dom Hélder.
Dom Helder Câmara
Dom Hélder Câmara nasceu em 1909, em Fortaleza. Ordenado padre aos 22 anos de idade, chegou ao Rio de Janeiro aos 27 anos, em 1936, com a incumbência de instalar o Secretariado Nacional da Ação Católica Brasileira, sendo a precursora da CNBB.
Em dezembro de 1950, ele apresentou o projeto da CNBB ao então integrante da secretaria de estado do Vaticano, monsenhor Giovanni Battista Montini, que seria eleito papa Paulo VI. Em menos de três meses, após a eleição do pontífice, foi fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Além da criação da CNBB, dom Helder é lembrado por sua atuação em favor da defesa da liberdade e dos mais necessitados. Durante o período de ditadura militar no Brasil, após ser empossado como arcebispo de Recife e Olinda, em abril de 1964, dom Helder e mais 17 bispos do Nordeste pediram a liberdade das pessoas e da Igreja. Em 1969, ele criticou a situação de miséria dos agricultores nordestinos. Na ocasião, foi chamado de demagogo e comunista.
Situações semelhantes o levaram a pronunciar a memorial frase “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”. Outros fatos remetem às represálias que sofreu, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e assassinados.
Em 1970, quando teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. No mesmo ano, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do arcebispo de Recife e Olinda.
Dom Helder foi condecorado internacionalmente com prêmios nos Estados Unidos, Martin Luther King (1970) e na Noruega, Prêmio Popular da Paz (1974), por exemplo. São de sua autoria 22 livros, sendo a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro mundo e a Igreja.
O prelado esteve à frente da arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo emérito dom José Cardoso Sobrinho.  Helder morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda (PE).
Fontes: CNBB e G1
www.padrereginaldomanzotti.org.br 

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