segunda-feira, 30 de março de 2015

# Milagre de São Januário acontece nas mãos do Papa Francisco


O sangue do mártir, normalmente sólido, se dissolveu parcialmente à vista dos fiéis, depois que o Papa beijou o seu relicário

O sangue de São Januário se dissolveu em presença do Papa Francisco, no último dia 21 de março, durante visita de Sua Santidade à diocese de Nápoles, na Itália. Os restos sanguíneos do mártir padroeiro de Nápoles, geralmente sólidos, tornaram-se parcialmente líquidos depois que o Papa beijou o seu relicário.
O Cardeal e Arcebispo da cidade, Crescenzio Sepe, exibiu a ampola com o sangue do santo aos fiéis que lotaram a catedral napolitana, dizendo: "Sinal de que São Januário ama o Papa, que é napolitano como nós: o sangue já se dissolveu pela metade".

O Papa, então, comentou, com humor: "O Arcebispo disse que metade do sangue se dissolveu: vê-se que o santo nos ama pela metade. Devemos converter-nos mais para que nos ame mais."
São Januário, nascido em Nápoles, foi um bispo de Benevento, na Itália, martirizado durante a perseguição do imperador Diocleciano. Instado diante do tribunal romano a oferecer incenso aos deuses, Januário se negou, com as seguintes palavras: "Não posso imolar aos demônios, pois tenho a honra de sacrificar todos os dias ao verdadeiro Deus". Mandado à fogueira, as chamas nada fizeram ao servo de Deus. Mandado à arena, para ser devorado pelos leões, estes, ao contrário, se prostraram diante do bispo e começaram a lamber-lhe os pés. Por fim, no dia 19 de setembro de 305, Januário foi decapitado.
De acordo com alguns relatos, durante um dos vários traslados de seu corpo entre Benevento e a sua cidade natal, o seu sangue foi recolhido por uma piedosa mulher e colocado em duas ampolas. Venerado desde o século V, o milagre da liquefação de seu sangue é documentado desde os anos 1400, acontecendo, desde então, periodicamente. Três datas são especiais para o fenômeno: 19 de setembro, festa de São Januário, 16 de dezembro, dia em que Nápoles foi preservada de um desastre por intermédio do santo, e o sábado anterior ao primeiro domingo de maio, que é o aniversário da primeira transladação de seu corpo.
Desta vez, porém, de modo extraordinário, o milagre ocorreu nas mãos do sucessor de São Pedro. A última vez a acontecer isto com um Sumo Pontífice foi em 1848, com o Beato Pio IX, o Papa da Imaculada Conceição e do Concílio Vaticano I.
Antes de abençoar o povo com o relicário de São Januário, o Papa Francisco fez um discurso ressaltando a centralidade de Jesus na vida da Igreja e recomendando fortemente a devoção a Nossa Senhora: "Como posso estar certo de ir sempre com Jesus? É a sua Mãe que o acompanha. Um sacerdote, um religioso, uma religiosa que não ama Nossa Senhora, que não reza a Nossa Senhora, diria também que não recita o Terço... se não quiser a Mãe, a Mãe não lhe concederá o Filho."
É certo que, como todas as graças chegam aos homens pelas mãos de Maria Santíssima, também este impressionante milagre foi obra de sua mediação maternal. Que ela, pois, conserve o Santo Padre, lhe dê vida longa, o faça santo na Terra e não o entregue à vontade de seus inimigos.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

# EVANGELHO DO DIA - COMENTADO


Jesus é acolhido na casa de Lázaro - Jo 12, 1-11

Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele tinha ressuscitado dos mortos. Lá, ofereceram-lhe um jantar. Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Maria, então, tomando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa inteira encheu-se do aroma do perfume. Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus, falou assim: “Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários para se dar aos pobres?” Falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas, porque era ladrão: ele guardava a bolsa e roubava o que nela se depositava. Jesus, porém, disse: "Deixa-a! que ela o guarde em vista do meu sepultamento. Os pobres, sempre os tendes convosco. A mim, no entanto, nem sempre tereis". Muitos judeus souberam que ele estava em Betânia e foram para lá, não só por causa dele, mas também porque queriam ver Lázaro, que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. Os sumos sacerdotes, então, decidiram matar também Lázaro, pois por causa dele muitos se afastavam dos judeus e começaram a crer em Jesus.

A unção de Jesus é uma antecipação de sua sepultura

A unção em Betânia é interpretada pelo próprio Jesus como antecipação simbólica de sua morte. Para Jesus, é a última semana de sua vida terrestre. Lázaro, Marta e Maria são amigos de Jesus; é na casa deles que Jesus para antes de entrar na sua paixão e morte, em Jerusalém. A refeição na casa dos amigos é sinal de comunhão, e a evocação do episódio de Lázaro indica que se trata, também, da alegria da vida recebida como dom. A unção, Jesus mesmo a interpreta como uma antecipação de sua sepultura. Morte e vida nova são uma prolepse do mistério pascal de Jesus Cristo. Judas é o personagem que entra na história como contraste de todo o acima dito. É tratado negativa e duramente pelo narrador como sendo traidor e ladrão. Mas há outro traço de Judas: ele é incapaz de reconhecer e acolher um gesto de pura gratuidade. Talvez isso o tenha feito traidor. Quem não ama verdadeiramente, não conhece a alegria da fidelidade e da lealdade. Quem não é capaz de gestos de gratuidade não é, igualmente, capaz de amar; quem não é capaz de verdadeiro amor, não busca senão o seu próprio interesse, abrindo, assim, a possibilidade de trair, inclusive, o Senhor da vida.

Pe. Carlos Alberto Contieri

Fonte: www.paulinas.org.br

domingo, 29 de março de 2015

# Vivendo a Semana Santa


A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. 

DOMINGO DE RAMOS - A celebração desse dia lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, aonde vai para completar sua missão, que culminará com a morte na cruz. Os evangelhos relatam que muitas pessoas homenagearam a Jesus, estendendo mantos pelo chão e aclamando-o com ramos de árvores. Por isso hoje os fiéis carregam ramos, recordando o acontecimento. Imitando o gesto do povo em Jerusalém, querem exprimir que Jesus é o único mestre e Senhor. 

2ª A 4ª FEIRAS – Nestes dias, a Liturgia apresenta textos bíblicos que enfocam a missão redentora de Cristo. Nesses dias não há nenhuma celebração litúrgica especial, mas nas comunidades paroquiais, é costume realizarem procissões, vias-sacras, celebrações penitenciais e outras, procurando realçar o sentido da Semana.

Tríduo Pascal 

O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal (ou Tríduo Sacro) que se inicia com a missa vespertina da Quinta-feira Santa e se conclui com a Vigília Pascal, no Sábado Santo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério pascal. Por isso, nas celebrações da quinta-feira à noite e da sexta-feira não se dá a bênção final; ela só será dada, solenemente, no final da Vigília Pascal. 

QUINTA-FEIRA SANTA - Neste dia celebra-se a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, que se oferece como alimento espiritual.

De manhã só há uma celebração, a Missa do Crisma que, na nossa diocese, é realizada na noite de quarta-feira, permitindo que mais pessoas possam participar. 

Na quinta-feira à noite acontece a celebração solene da Missa, em que se recorda a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Nessa missa realiza-se a cerimônia do lava-pés, em que o celebrante recorda o gesto de Cristo que lavou os pés dos seus apóstolos. Esse gesto procura transmitir a mensagem de que o cristão deve ser humilde e servidor. 

Nessa celebração também se recorda o mandamento novo que Jesus deixou: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.” Comungar o corpo e sangue de Cristo na Eucaristia implica a vivência do amor fraterno e do serviço. Essa é a lição da celebração.

SEXTA-FEIRA SANTA - A Igreja contempla o mistério do grande amor de Deus pelos homens. Ela se recolhe no silêncio, na oração e na escuta da palavra divina, procurando entender o significado profundo da morte do Senhor. Neste dia não há missa. À tarde acontece a Celebração da Paixão e Morte de Jesus, com a proclamação da Palavra, a oração universal, a adoração da cruz e a distribuição da Sagrada Comunhão.

Na primeira parte, são proclamados um texto do profeta Isaías sobre o Servo Sofredor, figura de Cristo, outro da Carta aos Hebreus que ressalta a fidelidade de Jesus ao projeto do Pai e o relato da paixão e morte de Cristo do evangelista João. São três textos muito ricos e que se completam, ressaltando a missão salvadora de Jesus Cristo.

O segundo momento é a Oração Universal, compreendendo diversas preces pela Igreja e pela humanidade. Aos pés do Redentor imolado, a Igreja faz as suas súplicas confiante. Depois segue-se o momento solene e profundo da apresentação da Cruz, convidando todos a adorarem o Salvador nela pregado: “Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. – Vinde adoremos”. 

E o quarto momento é a comunhão. Todos revivem a morte do Senhor e querem receber seu corpo e sangue; é a proclamação da fé no Cristo que morreu, mas ressuscitou. 

Nesse dia a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne, como ato de homenagem e gratidão a Cristo, para ajudar-nos a viver mais intensamente esse mistério, e como gesto de solidariedade com tantos irmãos que não têm o necessário para viver. 


Mas a Semana Santa não se encerra com a sexta-feira, mas no dia seguinte quando se celebra a vitória de Jesus. Só há sentido em celebrar a cruz quando se vive a certeza da ressurreição. 

VIGÍLIA PASCAL - Sábado Santo é dia de “luto”, de silêncio e de oração. A Igreja permanece junto ao sepulcro, meditando no mistério da morte do Senhor e na expectativa de sua ressurreição. Durante o dia não há missa, batizado, casamento, nenhuma celebração. 

À noite, a Igreja celebra a solene Vigília Pascal, a “mãe de todas as vigílias”, revivendo a ressurreição de Cristo, sal vitória sobre o pecado e a morte. A cerimônia é carregada de ricos simbolismos que nos lembram a ação de Deus, a luz e a vida nova que brotam da ressurreição de Cristo.


Fonte: www.catequisar.com.br

sexta-feira, 27 de março de 2015

# MENSAGEM: Não cremos do mesmo jeito - Pe. Zezinho, scj


Senhor Jesus Cristo, Filho eterno, cremos que vieste do seio do único Deus que há. Trindade de pessoas divinas, vieste e viveste entre nós revelando-te o Filho porque não sabíamos e ainda não sabemos ser filhos. Por razões de compreensão, te chamamos de Segunda Pessoa da Trindade. Nossa fala cria separação, mas é o único Deus que existe! 

Aprendi que estás no céu e em toda a parte, porque és o próprio céu. Aprendi que o céu não é lugar, mas, sim um modo de ser e de existir. Aprendi que ouves minhas preces por todos os irmãos que te buscam, te amam, te louvam e esperam encontrar-te. Continuamos a saber pouco do teu mistério. 

Faço parte daqueles que acreditam na existência de um Deus eterno e todo poderoso que se importa conosco. Mas não cremos todos do mesmo jeito. Suplico-te e suplicarei, sempre que puder, a graça de ser um cristão ecumênico. Naquilo em que estivermos de acordo, caminharemos juntos. Se discordarmos em algo, nem por isso viveremos em discórdia. Queremos aprender a discordar sem perder o respeito e o amor fraterno.

Dá-me, pois, coração e mente suficientemente abertos para sabermos que a luz que brilha no telhados dos nossos templos também brilha nos templos dos outros cristãos; e que a luz que entra pelas janelas e portas da minha casa também entra pelas janelas e portas das casas deles. 

Que eu seja suficientemente humilde e fraterno para saber que as graças que me concedes, também as concedes a eles, a cada qual na sua devida dimensão e necessidade, às vezes com tanta generosidade que nem sequer ousaríamos pedir o que nos concedes.

Sei que não é tudo a mesma cosia, mas sei que podemos ser um só coração e uma só alma, ainda que não leiamos os evangelhos do mesmo jeito nem oremos com as mesmas palavras, nem tenhamos teologias e doutrinas iguais a teu respeito. 

Concede-me, pois, um coração fraterno e generoso porque, se o teu amor reinar em meu coração eu saberei crer sem ofender, discordar sem deixar de amar, defender meus pontos de vista sem ofender os deles, elogiar o que há de bom nas igrejas deles e, se achar que algum aspecto da nossa igreja é melhor, dizê-lo com humildade e gentileza. 

Que o uma fé fraterna e gentil, até mesmo quando discordarmos. Sei que podes e queres isto. E é o que te suplico nesta noite de oração. 


www.padrezezinhoscj.com

# Congregação para a Causa dos Santos aceita pedido de abertura do processo de beatificação de dom Helder Camara

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Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de beatificação do ex-arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara, a Cúria Romana emitiu o primeiro parecer. Segundo carta expedida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal dom Angelo Amato S.D.B., para o dicastério Nihil Obstat, ou seja, não há nada contra a solicitação enviada por dom Fernando Saburido, em junho do ano passado.
A expectativa agora é pela autorização da abertura do processo em nível diocesano, dependendo, apenas, do posicionamento de outros dicastérios. Com o aval do Vaticano, dom Helder será nomeado Servo do Senhor. A etapa seguinte consiste em reconhecer suas “virtudes heróicas”. Para isso, uma comissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o Dom da Paz.
Em seguida, o relator do processo, nomeado pela Congregação para a Causa dos Santos, elabora um documento denominado “Positio”. Trata-se de um compêndio dos relatos e estudos realizados pela comissão. Assim que aprovado, o papa concede o título de Venerável Servo do Senhor.
O passo seguinte é o da beatificação. Ser beato, ou bem-aventurado, significa representar um modelo de vida para a comunidade e, além disso, que essa pessoa tem a capacidade de agir como intermediário entre os cristãos e Deus. Depois disso, ainda é preciso passar por mais uma fase: a canonização.
Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de um milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como beato.
Perfil
Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, e  teve 12 irmãos. Após entrar muito jovem no Seminário da capital do Ceará, se tornou padre aos 22 anos.
O primeiro momento da vida religiosa de dom Helder foi marcado pela militância junto a instituições políticas conservadores, como a Ação Integralista Brasileira, entre 1932 e 1937. Mais tarde, o religioso considerou a participação como um erro da juventude. Já radicado no Rio de Janeiro desde 1936, passou a optar por um trabalho assistencialista, quando fundou departamentos da Igreja voltados para atender os mais necessitados.
Após longo período atuando na então capital do Brasil, dom Helder foi nomeado para o Maranhão. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, é mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja.
Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.
A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do Arcebispo de Recife e Olinda.
Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho.  Ele morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda.
Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, como Martin Luther King, nos Estados Unidos, 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, 1974.  O religioso é autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro mundo e a Igreja.
Da Assessoria de Comunicação AOR

# EVANGELHO DO DIA - COMENTADO


Jesus é acusado de blasfêmia - Jo 10, 31-42

De novo, os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: “Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?" Os judeus responderam: "Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus"! Jesus respondeu: "Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: sois deuses’? Ora, ninguém pode anular a Escritura. Se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que, então, acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. Mais uma vez, procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos. Jesus se retirou de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde, antes, João esteve batizando. Ele permaneceu lá, e muitos foram a ele. Diziam: "João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade". E muitos, ali, passaram a crer nele.

A resistência à mensagem de Jesus

A vida de Jesus é continuamente ameaçada. Não obstante isso, Jesus persiste no seu caminho para o Pai, na fidelidade à vontade de Deus, que ele tem como sustento de sua vida. A acusação dos judeus contra Jesus é a “blasfêmia”. Blasfêmia é falar contra Deus. Ora, quem resiste à mensagem de Jesus é que blasfema. Para os judeus do nosso texto não são as boas obras o objeto da perseguição e das suas tentativas homicidas, mas a blasfêmia. Ora, para Jesus agir e falar estão intimamente unidos. As obras que ele realiza e, definitivamente, o Pai é que dão testemunho dele. Ainda no capítulo 6, é apontada a dificuldade de os judeus discernirem as obras de Jesus, de reconhecerem nelas sinais, isto é, manifestação do Espírito e da divindade de Jesus, que remetem ao mistério de Deus. A causa da rejeição é a falta de fé, apontada no capítulo 9 como “cegueira”. Jesus, é bom notar, não se entrega facilmente às mãos dos judeus; busca, sem covardia nem medo, preservar a própria vida (cf. 10,39). A divisão entre os que rejeitam Jesus e os que creem nele mostra a ambiguidade própria do sinal que, por isso mesmo, precisa ser discernido.

Pe. Carlos Alberto Contieri

Fonte: www.paulinas.org.br

quarta-feira, 18 de março de 2015

# EVANGELHO DO DIA - Comentado



O Filho faz o que o Pai faz - Jo 5, 17-30

Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: "Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho". Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Jesus então deu-lhes esta resposta: “Em verdade, em verdade, vos digo: o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer.O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. Na verdade, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. Pois assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. Eu não posso fazer nado por mim mesmo. Julgo segundo o que escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

A missão de Jesus é expressão de sua união com o Pai

Como continuidade do episódio anterior, Jesus justifica a sua ação no dia de sábado pelo trabalho contínuo do Pai em favor de toda a humanidade. Deus trabalha sempre. O que santifica o tempo é o amor e a misericórdia. A missão de Jesus é expressão de sua profunda união com o Pai. A comunhão com o Pai faz com que o Filho faça a obra de quem o enviou. A afirmação encontra apoio em Dt 5,12-15, em que não se diz que Deus descansa, mas que o homem deve repousar para poder fazer memória de como Deus libertou o seu povo da “casa da servidão”. Essa memória exige tornar presente, sobretudo no dia de sábado, a mesma ação de Deus que libertou o seu povo da escravidão. O texto nos oferece, ainda, o motivo da condenação à morte de Jesus: violação do sábado e blasfêmia, fazer-se igual a Deus. A “posse” da vida eterna se dá por uma dupla atitude: escuta da Palavra de Jesus e fé no Pai que o enviou. Daí que a vida eterna, dom de Deus, não é algo prometido para além da morte, mas uma realidade a ser vivida enquanto se é peregrino neste mundo.



Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte: www.paulinas.org.br

sexta-feira, 13 de março de 2015

# O bebê que está mudando o debate sobre o aborto

Abortado espontaneamente com apenas 19 semanas de vida, Walter sobreviveu pouco tempo fora do útero. O suficiente para gerar comoção e marcar vidas.
"Amontoado de células"; "Tecido"; "Apenas um feto". Essas são expressões comuns usadas pelas pessoas favoráveis ao aborto para descrever o nascituro, a fim de diminuir a humanidade dessas novas vidas. Porém, o modo como as pessoas rotulam os nascituros não é o que os define, e isso está comprovado pela vida de uma pequena criança. No verão de 2013, Walter Joshua Fretz nasceu com apenas 19 semanas de gestação. Ele viveu por poucos momentos, mas sua vida tem tido um impacto duradouro.
Os pais de Walter, Lexi e Joshua Fretz, mãe e pai de duas meninas (que acolheram sua terceira filha, Mia, no último mês de Setembro), aguardavam ansiosamente a chegada do seu novo bebê, quando, de acordo com o blog de Lexi, ela começou a ter sangramentos. Isso não era algo incomum para ela durante a gestação, mas, quando o sangramento se tornou rosa, ela ficou mais preocupada e ligou para sua parteira, que a aconselhou a ir para uma Unidade de Emergência ( Emergency Room, em inglês).
Na sala de emergência, várias gestantes chegaram depois dela e foram levadas diretamente para a enfermaria. Mas, uma vez que Lexi ainda não tinha completado 20 semanas – ela estava com 19 semanas e 6 dias – as normas do hospital requeriam que ela permanecesse na emergência. Cerca de uma hora depois, Lexi foi capaz de ouvir as batidas do coração de seu bebê e se sentiu aliviada, mas, enquanto aguardava um ultrassom, começou a sentir as familiares dores de parto. Quase cinco horas depois de chegar ao hospital, Lexi deu à luz seu filho, Walter Joshua Fretz. Ela escreve:
Eu estava chorando bastante naquele momento, mas ele era perfeito. Ele estava completamente formado e tudo estava no lugar; eu podia ver o seu coração batendo em seu pequenino peito. Joshua e eu o seguramos e choramos por ele e olhamos para o nosso filho perfeito e pequenino.
A próxima decisão de Joshua parecia natural e insignificante, mas acabaria se tornando um divisor de águas e até mesmo um salva-vidas para muitas pessoas. Ele foi para o carro pegar a câmera de Lexi para tirar fotos de seu filho. A princípio, isso não era o que Lexi queria, mas as fotos de Walter logo se espalharam por toda a Internet. As fotos alcançaram mães enlutadas e ajudaram-nas na perda de seus próprios bebês, e foram usadas para ajudar mulheres a escolher a vida para seus filhos não nascidos.
Lexi recebeu muitas mensagens positivas e compartilhou algumas, incluindo as seguintes:
Acabo de encontrar as imagens de Walter... Eu estou grávida e em uma situação bem ruim esta semana. Fiz meu primeiro ultrassom na semana passada e ele é um menino também. Mas, esta semana, comecei a rezar por um aborto espontâneo ou para decidir acabar [com a gravidez], já que o seu pai está fugindo de toda a responsabilidade. Eu pedi a Deus para me dar um sinal hoje de que ficaríamos bem, ou eu iria em frente e procuraria um aborto amanhã. Algumas horas depois, eu vi o link no Facebook. Fez-me ir às lágrimas. Mas, o mais importante, me fez entender, sem nenhuma dúvida, que eu não posso fazer isso a ele.
Eu costumava acreditar que havia razões para justificar alguns abortos. (...) Mas, agora, olhar Walter ali, deitado no seu peito, me traz vergonha por minhas opiniões passadas e desgosto por cada mulher que decide abortar sem entender o valor da vida que traz dentro de si.
Eu sempre pensei que era uma escolha da mulher interromper uma gravidez! Novamente, falta de entendimento, pensar, ou melhor, ser levada a pensar que, nesse estágio, uma mulher poderia abortar um feto (um aglomerado de células!) Quão errada eu estava!!! Estou feliz porque você escolheu compartilhar sua história e as belas fotos desse momento tão triste da sua vida! Foi uma lição para mim!

Estou grávida há 8 semanas e por 3 delas eu fiquei em profunda agonia, sem saber se mantinha ou abortava o bebê (não estou numa boa situação para ter crianças no momento), mas você pôs a minha vida em perpectiva. Eu posso amar este bebê e "me virar" e isso basta para mim agora. Eu vou manter essa criança que estou carregando e guardá-la para a eternidade.
Essas fotos de Walter revelam a humanidade da criança não nascida. Elas provam, sem sombra de dúvidas, que se trata de uma pessoa, e não de uma partícula ou de um monte de tecido. O que levanta a questão: Por que é legalmente permitido acabar com a vida de um ser humano não nascido?
"Só porque a criança na barriga da mãe não pode ser vista por nós, isso não significa que ela seja um pouco de células", escreve Lexi. "Walter estava perfeitamente formado e era muito ativo no útero. Se ele tivesse apenas mais algumas semanas, teria tido uma chance de lutar na vida. (...) Em meio a toda a nossa dor, fico feliz porque algo de bom pode sair disso. Rezo para que o Senhor continue usando as fotos de Walter para impactar a muitos."
Fonte: Live Action News | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere

quinta-feira, 12 de março de 2015

# Evangelho do Dia - Comentado


O poder de Jesus - Lc 11, 14-23

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. Alguns, porém, disseram: "É pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios. Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. Mas, conhecendo seus pensamentos, ele lhes disse: “Todo reino dividido internamente será destruído; cairá uma casa sobre a outra. Ora, se até Satanás está dividido internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios. Se é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos os expulsam? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós. Quando um homem forte e bem armado guarda o próprio terreno, seus bens estão seguros. Mas, quando chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura em que confiava e distribui os despojos. Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha”.
Jesus é revestido do Espírito Santo
Estamos na parte central do evangelho segundo Lucas, denominada “subida para Jerusalém”. Em qualquer trecho do evangelho, o leitor está mais bem informado do que os personagens da cena. Sabemos, pelo relato do batismo, que Jesus é revestido do Espírito Santo; os seus opositores não o sabem. O mal que enigmaticamente está diante do ser humano e age no seu coração, com o seu consentimento, distorce a palavra e torna difícil a comunicação. Um exemplo disso é o relato da torre de Babel (Gn 11,1-9). Efetivamente, o mal confunde, impede de falar bem e de bem falar. A palavra é dada ao homem para a sua comunicação com seu Criador e com os seus semelhantes. Somente ao ser humano Deus dirige a palavra. A palavra adquire seu pleno sentido no bem dizer. Na segunda parte de sua obra, Lucas diz que é o Espírito Santo quem faz falar as maravilhas de Deus(At 2,1-11) e dá à palavra seu verdadeiro sentido. Considerar que é por Beelzebu que Jesus expulsa os demônios é um juízo distorcido, equivocado, falta de abertura e discernimento. É confundir o Espírito Santo com Beelzebu. Esse é o verdadeiro mal.

Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte: www.paulinas.org.br

quarta-feira, 11 de março de 2015

# A VIDA DE SÃO JOSÉ


José foi o pai terreno de Jesus e como tal teve que providenciar às necessidade da família, tutelar e crescer o seu filho adotivo, sempre pronto a satisfazer os desejos de Deus conhecendo, em parte, alguns do seus desenhos.

Ele fez o impossível para que não faltasse nada à família e como pai, para ensinar as coisas da vida ao seu filho. Deus não o deu um pai qualquer, ma uma alma pura, para que fosse de ajuda a uma cândida esposa e a um Deus encarnado.

Muitas pessoas não consideram aquela que foi a sua incumbência: nunca discutiu as ordens recebidas no sono ou através dos mensageiros de Deus, mas obedecia fielmente, mesmo que isto o levasse a abandonar tudo aquilo que tinha realizado naquele momento; as amizades, os bens e a segurança social para enfrentar o desconhecido.

A sua fé era tanta que não teve dúvidas ou incertezas, foi aonde Deus o enviava com o seu fardel, com os seus tesouros constituídos de uma exile mãe e da um pequenino antes e da um rapaz depois. Como pai não se opôs, mas aceitou, as Divinas vontades e no seu animo ardente abençoou este seu filho, a fim de que anunciasse com a palavra; e no mundo acontecesse os desenhos do Pai.

Foi um trabalhador exemplar, um exemplo da seguir, conduziu a família em um porto seguro e soube guiá-la aos lidos e portos reparados, mesmo que fora as águas fossem turbulentas. Soube ser um digno companheiro para a sua esposa e se amaram com sentimentos tão puros que encantavam os Anjos dos Céus.

Oh! Vós pais, seguis os ensinamentos deste homem que soube construir uma família humana; aplicou todas as virtudes de que era capaz com a sua alma ardente de amor. Somente o amor e a fé lhe permitiram, no caminho da sua vida, de superar grandes obstáculos, o peso humano, o sustentamento, era quase tudo nas suas costas e isto Ele ofereceu alegremente ao seu filho que tanto adorava.

Muitos não dão a devida importância que ele teve nos desenhos de Deus: mas podia Deus dar a uma qualquer alma a responsabilidade de pai terreno? Ou na sua Omnisciência escolheu uma alma eleita? E no céu lhe foi designado o lugar que lhe era devido. Apelais tranquilamente a Ele, a fim de que possa interceder por vós em todos as vossas necessidades. Pela sua fidelidade e pelo seu amor lhe foi dada a potência de intercessão e de graça para todas as vossas necessidades. Seja para vós um modelo constante.

Se vocês souberem seguir como pais de família as suas pegadas, vocês poderão serem alegres nas vossas famílias e serão olhados bonariamente do céu, a graça e a benção descerá sobre vós e sobre as vossas famílias. Serão modelos de fidelidade que aquecerá de amor, não somente a vossa família, mas todos aqueles que, perdidos e desesperados, desejam apoiar-se e esperar nos exemplos coerentes. Tenham confiança Nele dentro da vossa família, pedindo ajuda. Rezais para que caia sobre vós as virtudes tanto necessárias para a vossa salvação.

# EVANGELHO DO DIA - COMENTADO



O cumprimento da Lei e dos Profetas - Mt 5, 17-19

Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.

Em Jesus, toda a Escritura encontra a sua realização

O modo como Jesus interpreta e põe em prática a lei de Moisés levou muitos de seus contemporâneos a pensar que ele abolia toda a Escritura (a Lei e os Profetas). Certamente, esse juízo se estendeu, ao menos, no embate com o judaísmo rabínico do primeiro século, para a primeira geração de cristãos. Nossa perícope visa dirimir o equívoco. Em Jesus, toda a Escritura encontra a sua realização e no Ressuscitado, a sua luz e o seu sentido pleno. Para o cristão que lê essas linhas do evangelho é dado um critério de interpretação do Antigo Testamento: é a partir de Jesus Cristo que a lei e os Profetas devem ser lidos, pois apontam para Ele. Para o cristão, a Lei é pensada a partir do mistério de Jesus Cristo. A centralidade de Jesus Cristo faz com que a exigência primordial do amor e da misericórdia se imponham como condição de autenticidade ou não de determinada interpretação e prática da Lei. O que tem precedência sobre quaisquer outras prescrições legais é o mandamento do amor (cf. Lc 10,25-37). Desse modo, para o cristão a lei de Moisés é válida enquanto ela passa pela interpretação de Jesus.

Pe. Carlos Alberto Contieri

Fonte: www.paulinas.org.br

terça-feira, 10 de março de 2015

# Maria deu a seu Senhor um sim responsável

Quem é Maria, a quem o anjo Gabriel foi enviado? E, já que os olhos de Deus pousaram sobre ela, convidando-a a uma missão única na história da salvação, é importante saber o que ela tem a nos ensinar, a nós, homens e mulheres do terceiro milênio.

Há uma literatura devocional que apresenta a Mãe de Jesus ou como uma mulher alienada, que pouco teria a nos ensinar, ou tão gloriosa, que ficaria distante demais de nosso dia-a-dia. Tais imagens nada têm em comum com o rosto que os evangelistas pintaram de Maria. Para conhecer, pois, a jovem de Nazaré, é preciso abrir o Evangelho.

A página da anunciação nos mostra que Maria deu a seu Senhor um sim responsável. Abandonando-se à vontade de Deus, demonstrou ser uma mulher forte, tendo uma visão de Deus semelhante à que tinham os profetas: seu Deus é aquele que dispersa os orgulhosos, derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes.

Foi uma mulher que conheceu de perto a pobreza, o exílio e o sofrimento. Escolhida para a mais importante missão a que uma criatura poderia ter sido chamada, longe de fechar-se num intimismo egoísta, foi ao encontro de Isabel, porque sabia que sua parenta necessitava de auxílio; interessou-se, em Caná, pelas necessidades da festa de um casamento; e, quando a comunidade dos apóstolos e discípulos, em oração, preparava-se para a realização da promessa do Pai — o batismo do Espírito Santo —,  lá estava Maria, perseverando na oração em comum.

A Mãe de Jesus nos ensina a ser verdadeiros discípulos de Cristo, isto é, construtores da cidade terrena e temporal, e, ao mesmo tempo, peregrinos em direção à Jerusalém eterna; nos ensina a ser promotores da justiça, que liberta o oprimido, e da caridade, que socorre o necessitado; a ser operários do amor, edificando Cristo nos corações.

A Igreja apresenta Maria como exemplo de vida “não exatamente pelo tipo de vida que levou ou, menos ainda, por causa do ambiente sociocultural em que se desenrolou sua existência (...), mas, porque, nas condições concretas da sua vida, aderiu total e responsavelmente à vontade de Deus; porque soube acolher sua palavra e pô-la em prática; porque sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço; e porque, em suma, foi a primeira e mais perfeita discípula de Cristo”. 
Procurando imitá-la, acabaremos adquirindo o jeito de Maria, isto é, teremos como ideal fazer a vontade de Deus, sempre.


Do livro Um mês com Maria, publicado por Paulinas Editora.

# EVANGELHO DO DIA - Comentado


Quantas vezes devo perdoar? - Mt 18, 21-35

Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus respondeu: "Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete. O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: “Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo”. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ai sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-los, dizendo: 'Paga o que me deves'. O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: 'Tem paciência comigo, e eu te pagarei'. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: 'Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão".

Perdoar como Deus perdoa generosamente a cada um

O discurso sobre a Igreja (Mt 18), do qual nosso trecho do evangelho é parte, tem como temática central o perdão. Diante da pergunta de Pedro, de quantas vezes se devia perdoar o irmão que peca contra alguém, Jesus responde com a parábola do devedor sem misericórdia. Pedro propõe um número abundante para o perdão, mas Jesus vai mais longe e diz “setenta vezes sete”. Isso significa que não se pode pôr limite à disposição de perdoar. À cadeia de vingança e violência, Jesus opõe a fraternidade disposta a perdoar sem limite. A razão do porquê não se deve colocar limite ao perdão é dada na parábola do devedor sem compaixão. O sentido de toda a parábola se encontra na boca do próprio monarca: o devedor de uma soma incalculável devia perdoar seu semelhante, que lhe devia uma quantia irrisória, porque ele mesmo tinha sido beneficiado pela generosidade do rei. De certo modo, o servo sem compaixão fere seu senhor, pois a sua atitude impiedosa em relação ao seu semelhante demonstra a sua total incompreensão em relação à graça que ele mesmo recebeu. A lição é clara: é necessário perdoar de coração o irmão, como Deus perdoa generosamente a cada um. Se Deus não
estivesse sempre disposto a perdoar, o que seria de nós?

Pe. Carlos Alberto Contieri

Fonte: www.paulinas.org.br

segunda-feira, 9 de março de 2015

# EVANGELHO DO DIA - COMENTADO



O profeta rejeitado em sua terra - Lc 4, 24-30

“Em verdade, vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Ora, a verdade é esta que vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e uma grande fome atingiu toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado o profeta Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão Naamã, o sírio”. Ao ouvirem estas palavras, na sinagoga, todos ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no para o alto do morro sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de empurrá-lo para o precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Jesus é o verdadeiro profeta

Nossa perícope é conhecida como o discurso programático de Jesus na sinagoga de Nazaré. Depois de fazer a interpretação de um trecho do livro do profeta Isaías, Jesus evoca a história de Elias e Eliseu, que permite estabelecer uma paralelo entre Israel e Nazaré. Nazaré passa a ser protótipo da rejeição de Jesus por parte de todo o Israel. Uma das temáticas dominantes de toda a primeira parte do evangelho de Lucas é a identidade de Jesus. Jesus é verdadeiro profeta num duplo sentido: é homem de Deus que recebe dele sua missão e, por isso, é rejeitado por seu próprio povo. A rejeição é um critério que permite verificar a autenticidade de sua vocação profética. A perseguição, a incompreensão, a vida ameaçada são alguns dos traços presentes na vida de todo verdadeiro profeta. Para se manter fiel à missão recebida de Deus, é preciso colocar-se inteiramente nas mãos do Senhor. Por isso, passando pelo meio deles, entenda-se, não se deixando intimidar pela ameaça de morte, Jesus prossegue o seu caminho.

Pe. Carlos Alberto Contieri

Fonte: www.paulinas.org.br 

quarta-feira, 4 de março de 2015

# EVANGELHO DO DIA - Comentado



Entre vós não deverá ser assim... - Mt 20, 17-28

Subindo para Jerusalém, Jesus chamou os doze discípulos de lado e, pelo caminho, disse-lhes: “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, açoitá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia, ressuscitará”. A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele perguntou: “Que queres?”. Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?" Eles responderam: "Podemos". "Sim", declarou Jesus, "do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: "Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos".

Servir generosamente

Trata-se do terceiro anúncio da paixão (16,21; 17,22-23). No nosso texto de hoje, a mãe dos filhos de Zebedeu reivindica para os seus dois filhos um lugar privilegiado. O pedido da mãe para os seus dois filhos deseja o melhor para eles, mas é fruto da sua incompreensão acerca do mistério de Cristo e da vida cristã. O que é difícil compreender e aceitar é que a verdadeira recompensa está em ser admitido no seguimento de Jesus e participar de sua vida e da sua paixão. O que importa é a decisão livre de ir até o fim com Jesus: à pergunta de Jesus a João e Tiago “podeis beber do cálice que eu vou beber”, eles responderam: “Podemos”. O ditado popular diz: “o futuro a Deus pertence”; o importante é a disposição para viver hoje toda a exigência do seguimento de Jesus Cristo, pois o que vem depois pertence unicamente a Deus. Aos discípulos, a nós todos, compete construir uma comunidade em cujo centro esteja o serviço generoso, desprovido de qualquer ambição pelo poder.


Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte: www.paulinas.org.br

terça-feira, 3 de março de 2015

# Como viver a Quaresma


Quaresma é o período de 40 dias de penitência que precedem a festa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como 40 dias se, contando, medeiam 46 entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa? Simplesmente porque os domingos não podem ser dias de penitência, de modo que são excluídos da contagem. Cada domingo é uma pequena Páscoa, "dia em que, por tradição apostólica, celebra-se o mistério pascal" (cânon 1.246 do Código de Direito Canônico), devendo ser evitada qualquer atitude que exprima tristeza. Assim, descontados os domingos entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa da Ressurreição medeiam 40 dias.

Segundo São Roberto Belarmino e Cornélio a Lápide, foram os próprios apóstolos quem instituíram a Quaresma, para nos prepararmos dignamente a fim de celebrar a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a máxima festa do Cristianismo. 

Os 40 dias da observância quaresmal são carregados de simbolismo. 40 dias e 40 noites Nosso Senhor passou em rigoroso jejum no deserto (cf. Mt 4,1-2; Mc 1,12-13; Lc 4,1-2). Também por 40 anos o povo de Israel errou pelo deserto, antes de entrar na Terra Prometida (cf. Dt 8,2). 40 é o número das virtudes cardeais (quatro: castidade, paciência, justiça e prudência) e dos evangelistas, multiplicado pelo número dos Dez Mandamentos. A Quaresma é, finalmente, um grande símbolo de nossa vida terrena que, no fim das contas, não passa de uma preparação para a nossa própria Páscoa – «Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris» (Gn 3,19): "Lembra-te, homem, que és pó, e em pó te hás de tornar".

Assim, a Quaresma é um tempo favorável à prática penitencial da Igreja. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC), «esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e à esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias)» (CIC, número 1.438). É um tempo de renascimento espiritual e de renovação na fé, no qual se pede aos fiéis maior interesse pelas coisas divinas, uma frequência mais assídua à Santa Missa e aos ofícios litúrgicos, maior correção nas próprias ações e um treinamento no controle de suas próprias paixões e sentimentos.

Lamentavelmente, hoje em dia a palavra "penitência" provoca mal-estar em muita gente. Entretanto, se consultarmos os Evangelhos, veremos que Jesus começou a Sua pregação nos exortando à penitência: «Poenitentiam agite: appropinquavit enim Regnum caelorum» (Mt 4,17) – "Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos céus". Rejeitar a penitência é rejeitar a pregação de Cristo desde o princípio.

A palavra "penitência" significa simultaneamente duas coisas que, embora distintas, estão indissociavelmente ligadas: uma virtude e um sacramento, a virtude da penitência e o sacramento da penitência. Sobre o sacramento da penitência e reconciliação, falaremos em outra oportunidade, se assim Deus o quiser. Pretendemos, hoje, dizer algumas palavras sobre a penitência como virtude, ilustrando o significado do tempo quaresmal.

Quando se fala de penitência, as pessoas logo imaginam práticas exteriores ou pior: coisas como autoflagelação, numa visão totalmente distorcida. Na verdade, a essência da penitência é interior e não se confunde com práticas exteriores como o jejum, a esmola e a mortificação. As práticas exteriores pouco ou nada valem sem a penitência interior. «Rasgai os vossos corações e não os vossos vestidos, convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque Ele é benigno e compassivo» (Jl 2,13). Tampouco a virtude da penitência pode ser confundida com um desejo mórbido de infligir sofrimento a si mesmo. 

A virtude da penitência é uma disposição moral que inclina o pecador a destruir e reparar os seus próprios pecados por constituírem ofensas a Deus. A penitência é uma dor espiritual, interior: é o sofrimento por haver pecado. É um querer não ter pecado, é um querer não ter querido o mal que se quis no passado. O pecado é um ato da vontade humana e só pode ser destruído por um novo ato da vontade que o revogue. É por isso que a virtude da penitência está indissociavelmente ligado ao sacramento de mesmo nome: a validade deste depende da sinceridade daquele. Mas não basta o arrependimento. 

A virtude da penitência exige também o propósito de reparar o mal cometido e de não mais tornar a pecar no futuro. Assim, a penitência se projeta nos sentidos do tempo: para o passado, o arrependimento; para o presente, a reparação; e para o futuro, o propósito de emenda. Os hereges protestantes pregam que não é necessário aos que se arrependem reparar o mal que fizeram no passado de sua vida. O fulano mata, rouba, estupra e acha que basta "aceitar Jesus" para ficar com a "ficha limpa". Por isso os protestantes escarnecem da necessidade de penitência. Ora, isso é uma distorção do Evangelho, pois é preciso reparar: quem roubava, deve restituir o que roubou; quem professava publicamente uma falsa doutrina, deve também se retratar em público. 

Tenhamos todos, então, uma boa e santa Quaresma. «Desde então começou Jesus a pregar e a dizer: "Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos céus"» (Mt 4,17). E se está próximo, é porque não está distante: «O Senhor está perto de toda pessoa que o invoca» (Sl 144,18). 


Rodrigo R. Pedroso
Fonte: www.catequisar.com.br

# EVANGELHO DO DIA - COMENTADO


Um só é o vosso Guia, o Cristo! - Mt 23, 1-12

Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: “Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de 'rabi'. Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘rabi’, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

A vida cristã é um serviço

É sob a autoridade de Moisés que os escribas e fariseus ensinam, interpretam e orientam a prática da lei. Todo o capítulo de Mt 23 é uma dura crítica de Jesus aos escribas e fariseus por causa da hipocrisia deles. A hipocrisia é máscara, representação. Como não praticam o que eles obrigam aos outros, aquilo que ensinam é como um fardo pesado que cansa, tira a alegria e incute o medo do castigo de Deus. Contradição em relação à finalidade da Lei dada por Deus como um caminho de vida e para a felicidade, rejeitando qualquer tipo de escravidão e da mentalidade de escravo, na solidariedade e respeito entre os semelhantes. A religião que eles praticam é hipocrisia, expressão da vaidade que encerra o indivíduo em si mesmo; o coração deles não está no que eles fazem, pois buscam ser vistos pelos homens. Eles, de fato, não estão a serviço da Palavra de Deus que ensinam e obrigam a praticar. Para a comunidade cristã, a hipocrisia deve ser rejeitada veementemente e o comportamento dos escribas e fariseus não pode se constituir em norma de conduta. Dos discípulos é exigido um comportamento totalmente diferente, enraizado na própria vida e no ensinamento de Jesus. A vida cristã é um serviço.


Pe. Carlos Alberto Contieri
Fonte: www.paulinas.org.br