1. O QUE É A BÍBLIA?
Digamos
à guisa de definição, que a Bíblia é um conjunto de 73 livros com vários
títulos ou denominações: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Evangelhos, várias
epístolas etc., os quais podem ser localizados pelo índice geral dela.
Divide-se em duas partes bem destacáveis: o Antigo Testamento e o Novo
Testamento.
Testamento
é o nome que se dá à Aliança "contraída" com Abraão e
"cumprida" em Jesus Cristo. Enquanto projeção de Abraão designou-se por Antigo Testamento
aos acontecimentos a ela correlatos;
quando afins à Nova Aliança em Jesus Cristo, tomou o nome de Novo
Testamento. É que um testamento "traz" disposições que devem ser
"cumpridas" após a morte de um dos testadores, no caso, Abraão no
Antigo e Jesus no Novo, "trazendo", para a Homem "cumprir",
"disposições de última vontade", e "uma herança".
A
Bíblia vem geralmente dividida em capítulos e versículos (vide tabela abaixo).
Os capítulos são especificados por números maiores colocados num começo de
narrativa parcial e os versículos por algarismos menores colocados antes das
frases que compõem o capítulo. Costuma-se dar títulos aos vários capítulos, ou
a trechos deles, também conhecidos por "perícopes", que foram ai
incorporados pretendendo facilitar a compreensão e a localização por assuntos,
mas não fazem parte integrante e indestacável do contexto.
Representação
de Capítulos e Versículos da Bíblia
Costuma-se representar os livros pelas duas primeiras
consoantes ou uma ou duas consoantes e uma vogal de seu nome (para evitar
confusão com outro), por exemplo:
Gn para Gênesis; Ex para Êxodo; Cro (ou Cr) para
Crônicas [para não se confundir com abreviatura de Coríntios - (Cor ou Co)]
etc..
Os capítulos
são representados pelo seu número seguido de vírgula:
Gn 1, - significa capítulo 1 do livro de Gênesis.
Já os versículos vêm geralmente após a vírgula do
capítulo:
Gn 1,2 - significa livro de Gênesis, capítulo 1,
versículo 2.
Quando se pretende representar todos os versículos a
que se refere, usa-se separá-los por um hífen (com o significado de = até):
Gn 1,15-20 - significa livro de Gênesis, Capítulo 1, a
partir do versículo 15 até o 20.
Colocando-se um ponto após o ultimo versículo e
colocando-se outro número significa que se deve saltar do versículo para o
outro:
Gn 1,15-20.25-26 - significa que após o versículo 20
deve-se saltar para o 25 e ler até o 26.
Pode acontecer que um versículo se componha de várias
frases, designando-se então cada uma delas por uma letra do alfabeto:
Gn 1,15-16ab - significa que a citação abrange no
versículo 16 apenas as duas primeiras frases. Ainda pode acontecer que a
citação tenha após o versículo um número seguido de vírgula; nesse caso se
trata de referência a capítulo:
Gn 1,15-2,4a - significa que a citação vai do
versículo 15 do capítulo 1 ao versículo 4 do capítulo 2, primeira frase.
Um número seguido de vírgula corresponde a
Capítulo é um número quando vem seguido de hífen, a
Versículo, é um número quando vem seguido de ponto a versículo.
2. POR QUE A BÍBLIA É
IMPORTANTE?
Só
há uma razão pela qual se pode dizer que a Bíblia é importante, tal como São
Paulo diz:
"E
não somos como Moisés, que punha um véu sobre o rosto, para que os filhos de
Israel não vissem o final da glória que se desvanecia; e assim o entendimento
deles ficou obscurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho testamento,
permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido;
sim, até o dia de hoje, quando Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração
deles. Contudo, convertendo-se ao Senhor, é-lhe tirado o véu" (2 Co 3,13-16).
A Bíblia é importante por causa de:
Jesus
Cristo
Sem
Jesus Cristo, a Bíblia não passa de um dos livros ultrapassados que por ai
existem nos museus ou em uso nos mitos e superstições ou fossilizados.
Pode-se
pretender que ela seja a Palavra de Deus. E é, mas a Palavra de Deus plenamente
revelada por Jesus Cristo. Ele é a Revelação por excelência, a única Revelação
do Pai;
Jesus
é a Palavra do Pai
Diz-se
que Jesus é a PALAVRA porque manifesta ou revela o Pai, tal como Ele mesmo o
diz:
"Jesus
lhe disse: "Filipe, há tanto tempo estou convosco e não me conheces? Quem
me tem visto, tem visto o Pai. Como podes dizer: mostra-nos o Pai?" (Jo 14,9).
Também
Paulo e João o dizem:
"Ele
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura..." (Col
1,15)
No
princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era
Deus" (...) "Ninguém jamais viu a Deus. o Filho Unigênito, que está
no seio do Pai, é quem o deu a conhecer."
(Jo 1,1.18).
É
essa a função da PALAVRA: tornar conhecido o que ela significa. Caso um
professor permaneça em silêncio perante um grupo de alunos, eles nada saberão
de seu saber íntimo, pois, sem a palavra nada se sabe. Quando ele começar a
falar, a fazer o uso "da palavra", passará a ser entendido e os alunos
apreenderão o que ensina, por aquilo que ele "revelar" com a sua
palavra. Ora, Jesus "revelou" o Pai; logo, JESUS é a PALAVRA DO PAI.
2.1 Revelação
Já
ficou claro pelo acima exposto que Cristo é a Revelação única e definitiva, e
que somente aquilo que transmitiu aos Apóstolos, que nos vem pela Tradição e o
Magistério da Igreja, pode-se dizer "revelado". É que, com a morte do
último Apóstolo, terminou a transmissão oral da Revelação, o que se conhece por
Tradição, ficando apenas o que foi deixado por eles como "depósito"
(de fé), como o denominou São Paulo (1 Tm 6,20; 2 Tm 1,12-14), que compõe o
Magistério da Igreja, aquilo que ela ensina. Melhor o diz o Catecismo da Igreja
Católica, recém-promulgado por João Paulo II:
"'Muitas
vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos profetas.
Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho' (Hb 1,1-2). Cristo,
Filho de Deus feito homem, é a Palavra Única, Perfeita e Insuperável do Pai.
Nele o Pai disse tudo, e não haverá outra palavra além dessa. (...) A Economia
Cristã, portanto, como Aliança Nova e Definitiva, jamais passará, e já não se
há de esperar nenhuma outra Revelação pública antes da gloriosa manifestação de
Nosso Senhor Jesus Cristo" (n.º
64-65).
2.2 Inspiração
Tal
como a Revelação, também a Inspiração Bíblica já acabou. O que ilumina a Igreja
em prosseguimento à Obra de Cristo (Jo 20,21) é uma especial Assistência do
Espírito Santo, e não se confunde com a Inspiração Bíblica, como a própria
Igreja define e explica:
"A
verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e
apresentam, (...). ...escritos sob a Inspiração do Espírito Santo (cf. Jo
20,31; 1 Tm 3,16; 2 Pe 1,19-21; 3,15-16), eles têm Deus por autor e nesta
qualidade foram confiados à Igreja. Para escrever os Livros Sagrados, Deus
escolheu e serviu-se de homens, na posse das suas faculdades e capacidades,
para que, agindo Ele neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores,
tudo aquilo e só aquilo que Ele próprio queria" ("Dei Verbum"
n.º 11; Catecismo. da Igreja Católica n.º 105/106).
"Por
isso, a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros
inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos
tempos. (...). Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a
Assistência do Espírito Santo..." (Constituição 'Dei Verbum', Conc. Vat.
II, n.º 8).
O
que não se deve perder de mira é que tanto a Revelação como a Inspiração foram
dons ou carismas especiais de Deus para a confecção da Sagrada Escritura, e
isto se deu quando dos originais, não se estendendo às traduções, aos
comentários ou mesmo à exegese. Por isso, a missão da Igreja de interprete
única, por causa daquele já mencionado "depósito" (da fé) que lhe é
pertinente:
"O
'depósito' (1 Tm 6,20; 2 Tm 1,12-14) da fé ("depositum fidei"),
contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos
Apóstolos à totalidade da Igreja. 'Apoiando-se nele, o Povo Santo todo, unido a
seus Pastores, persevera continuamente na doutrina dos Apóstolos e na comunhão,
na Fração do Pão e nas Orações, de sorte que na conservação, no exercício e na
profissão da fé transmitida, se crie uma singular unidade de espírito entre os
bispos e os fiéis.' (cfr. Catecismo 84)
'O
encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida
foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce
em nome de Jesus Cristo' ("Dei Verbum", 10), isto é, aos bispos em
comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma" (idem 85).
Pode-se
desde já perceber a importância da Tradição, que é a transmissão das verdades
reveladas pelos Apóstolos a seus sucessores, no que se estrutura o Magistério
da Igreja.
2.3 Tradição, Magistério e Escritura
Cristo
não é um fundador de nova religião, nem o cristianismo é uma
"heresia" do judaísmo. Os Apóstolos e os discípulos continuaram
freqüentando o Templo e seguindo os rituais ali celebrados, até mesmo após a
Sua Morte, Ressurreição e Ascensão (Lc 24,53; At 2,46; 3,1) bem como após o
Pentecostes (At 2,46; 3,1...). Compartilhavam da "visão" de Jesus de
que o cristianismo é o "cumprimento" do judaísmo, o seu ponto de
chegada:
"Não
penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum
passará da lei um só "i" ou um só "til", até que tudo seja
cumprido" (Mt 5,17-18).
Entretanto,
os primeiros cristãos não conheciam o Novo Testamento tal como se conhece hoje.
Quando muito haviam alguns manuscritos destinados apenas a registrar as
pregações locais. Os cristãos de Roma, por exemplo, conheciam a pregação de
Pedro e, possivelmente, conheciam também uma ou outra das cartas de Paulo (2 Pe
3,15-16). Vê-se facilmente que os escritos atuais dos Evangelhos são
verdadeiramente o registro catequético de então, a primeira expressão da
Tradição Apostólica, aqueles que foram escolhidos e aprovados entre tantos outros
(Lc 1,1-2 diz "muitos"):
"A
Tradição de que falamos aqui é a que vem dos Apóstolos. Ela transmite o que
estes receberam do ensino e do exemplo de Jesus e aprenderam pelo Espírito
Santo. De fato, a primeira geração de cristãos ainda não tinha um Novo
Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento testemunha o processo da
Tradição Viva" (Catecismo da Igreja Católica, 83).
"Por
isso, a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros
inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos
tempos. (...) Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a
Assistência do Espírito Santo..." (Constituição 'Dei Verbum', Conc. Vat.
II, n.º 8).
Informa
Papias que o primeiro Evangelho foi escrito por Mateus em aramaico, que o
destinou aos judeus. Vieram outros, inclusive a tradução dele para o koiné, o
grego popular de então, que não eram ainda tão difundidos, nem faziam parte de
um cânon definido pela Igreja. Somente algumas comunidades tinham uma espécie
de compilação mais ou menos aleatória, ao que tudo indica, e não ainda de forma
sistemática como hoje:
"Foi
a Tradição Apostólica que levou a Igreja a discernir quais os escritos que
deveriam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados" ('Dei Verbum, 8,3).
Esta lista completa é denominada 'Cânon' das Escrituras. Comporta, para o
Antigo Testamento, 46 (45, se contarmos Jeremias e Lamentações juntos) escritos
e 27 para o Novo:
Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os dois livros de
Samuel, os dois Livros de Reis, os dois Livros de Crônicas, Esdras e Neemias,
Tobias, Judite, Ester, os dois Livros de Macabeus, Jó, os Salmos, os
Provérbios, o Eclesiastes (ou Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o
Eclesiástico (ou Sirácida), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel,
Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias,
Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; os Evangelhos de Mateus,
de Marcos, de Lucas e de João, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo
aos Romanos, a Primeira e a Segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios,
aos Filipenses, aos Colossenses, a Primeira e a Segunda aos Tessalonicenses, a
Primeira e a Segunda a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a
Epístola de Tiago, a Primeira e a Segunda de Pedro, as três Epístolas de João,
a Epístola de Judas e o Apocalipse, para o Novo Testamento (Catecismo da Igreja
Católica, 120).
Da
mesma forma que então, porque inexistente, para os católicos ainda hoje,
"só a Bíblia" não é, nem pode ser, o único fundamento para a fé, eis
que não se partiu dela para o que se crê. O que nela se compôs foi o então
ensinado pelos Apóstolos. Por isso, fundamental ainda lhes é o conjunto formado
por: Tradição + Magistério + Escritura:
"Fica
portanto claro que segundo o sapientíssimo plano divino a Sagrada Tradição, a
Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira entrelaçados e
unidos, que um não tem consistência sem os outros, e que juntos, cada qual a
seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a
salvação das almas" (Constituição Dogmática 'Dei Verbum', 10)
3. ALGUMAS REGRAS PRÁTICAS
Feitas
essas observações preliminares, é fundamental a todo estudioso da Bíblia
algumas regras práticas que iremos apresentando à medida do desenvolvimento do
curso. A primeira delas é a de se deslocar abstratamente ao tempo em que foi
escrito o livro que se estuda ou se lê, não se analisando o que está escrito
com o aculturamento atual, mas procurando entender bem o que se escreveu com a
mentalidade de então. Outra delas é que os títulos, subtítulos e a divisão em
capítulos e versículos não fazem parte do escrito em si, não são inspirados,
mas foram idealizados em princípios deste segundo milênio de nossa era, para
facilitar a localização, bem como a leitura, e de acordo com a divisão vigente
por assunto ao tempo do criador do sistema. Por isso mesmo, nem sempre um
capítulo encerra um assunto, como acontece com um livro moderno, podendo se
encontrar a conclusão dele mais adiante ou em local diverso.
Além
de tudo isto, é de se considerar que a Bíblia forma uma unidade total de
doutrina, coerente e religiosamente muito lógica. E não se há de esquecer a
necessidade de sempre se recorrer ao ensino da Igreja, que com seu
"depósito" ilumina a interpretação doutrinária dos textos difíceis.
Não é possível se dar ao luxo de interpretações particulares, por mais sábias
que nos possam parecer (2Pe 1,20-21). Assim, é de se ler a Bíblia tal como foi
ela escrita e não como se gostaria que tivesse sido composta. Qualquer
originalidade pode lhe redundar em falsificação grosseira, mesmo uma simples
entonação de voz que se busca interpretar. As Escrituras foram escritas ao
bafejo do Espírito Santo e não Lhe pode ser atribuída qualquer contradição
entre os vários livros que a compõem. Só o Espírito Santo é o interprete do que
inspirou pelo que Jesus fez da Sua Igreja o único "depósito" (da Fé)
(v. Catecismo da Igreja Católica, 109/119):
"E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, que fique convosco para
sempre, a saber, o Espírito da Verdade, o qual o mundo não pode receber; porque
não o vê nem o conhece; mas vós conheceis, porque ele habita convosco, e estará
em vós. (...) Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu
em vós. (...) Mas o Paráclito, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em nome,
esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos
tenho dito" (Jo 14,16-20.26)
"Ainda
tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora. Quando vier,
porém, aquele, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque
não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas
vindouras. ..." (Jo 16,12-15).
Pelos
trechos aqui transcritos vê-se que o próprio Jesus diz que seria o Espírito
Santo quem "vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto
eu vos tenho dito", "vos guiará a toda a verdade" e "vos
anunciará as coisas vindouras". Assim sendo, é aquilo e somente o que foi
ensinado pelos Apóstolos que permaneceu na Igreja como o depósito que São Paulo
fala:
"Ó
Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e
profanas e as oposições da falsamente chamada ciência; a qual professando-a
alguns, se desviaram da fé. A graça seja convosco" (.I Tm 6,20-21)
"Por
esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; porque eu sei em
quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu
depósito até aquele dia. Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens
ouvido na fé e no amor que há em Cristo Jesus; guarda o bom depósito com o
auxílio do Espírito Santo, que habita em nós" (2 Tm 1,12-14).
Ainda,
quando Jesus estabelece o "primado" de Pedro, deixa clara a
autoridade dele e dos Apóstolos com ele, quando lhes dá o poder de "ligar
e desligar", eis que estará sempre presente, "no meio deles":
(A
Pedro) "Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não
foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos
céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na
terra será desligado nos céus" (Mt 16,17-19)
(A todos os Apóstolos 'reunidos' junto com
Pedro) "Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no
céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. Ainda vos digo
mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem,
isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18,18-20)
Além
disso, essa Sua presença entre os Apóstolos, fica mais clara e eficaz ainda
quando diz que "estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos
séculos". É que bastaria ter dito "estarei convosco", mas
acentua acrescentando "todos os dias" e, ainda ratifica "até a
consumação dos séculos". Confirmando tudo isso, vai Marcos nos informar
que "quem crer (na pregação da Igreja) e for batizado será salvo, mas quem
não crer será condenado". Ora, quando Cristo afirma ser condenado quem não
crê na pregação é afirmar a infalibilidade da pregação e a eficácia da
Assistência do Espírito Santo, e quando o diz aos Apóstolos somente, di-lo à
Igreja, depositária do que ensinaram:
"E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu
e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos" (Mt 28,18-20)
"E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" (Mc
16,15-16)
(Lc
24,27"E, começando por Moisés e por todos os profetas, interpretou-lhes em
todas as Escrituras o que a ele dizia respeito. (...) '...era preciso que se
cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e
nos Salmos.' Então abriu-lhes a mente para que entendessem as Escrituras"
(Lc 24, 27.44-45)
"Já
não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer"
(Jo 15,15).
Outro
fator importante a observar é a da sucessão apostólica na Igreja, para o
exercício do mesmo múnus, com os mesmos dons apostólicos, também ratificado na
Escritura:
"Irmãos,
convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca
de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; pois
ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (...) É necessário,
pois, que dos varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus
andou entre nós, começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós
foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua
ressurreição" (At 1,16-22).
Por
outro lado, também São Paulo afirma que Tiago, Pedro e João são "colunas
da Igreja" (Gl 2,9). Ora, esse fato corrobora a existência de hierarquia
no Colégio Apostólico, até mesmo ao tempo de Cristo, eis que somente eles foram
testemunhas de alguns acontecimentos importantes tais como a Ressurreição da
filha de Jairo (Mc 5,37), a Transfiguração (Mc 9,2), a Agonia do Monte das
Oliveiras (Mc 14,33), e recomendados ao silêncio a respeito até a ressurreição
(Mc 5,43; 9,9), o que evidencia o motivo de serem considerados
"colunas". Ambas, a sucessão e a hierarquia, evidenciam a presença da
sucessão apostólica caracterizando a autenticidade do Colégio Apostólico Católico
e do "depósito da fé":
"E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu
e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos ordenei; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos" (Mt 28,19-20).
Outra
observação que se deve fazer num começo de estudo da Bíblia é com base na já
mencionada coerência que deve ter tudo o que se deduz com a totalidade dela,
donde a necessidade de sintonia das conclusões com todo o seu conteúdo. Sempre
se buscará, por isso, confirmação na própria Bíblia daquilo que se concluiu ou
se encontrou, ou também no magistério da Igreja, detentora da Tradição, a única
interprete autorizada por Cristo, como acima se viu.
E
é bom nunca se perder de vista que a maioria dos escritos do Novo Testamento,
principalmente os Evangelhos, foram escritos para o uso de pessoas que já
conheciam todo o tema que abordam em seus mínimos detalhes, não lhes sendo
necessário esclarecimentos e explicações como para nós, que desconhecemos os
pormenores, os quais estão na Tradição e Magistério da Igreja.
AUTO-AVALIAÇÃO
O que é a Bíblia?
Como seria a representação de Gênesis, capítulo 25,
para se ler do versículo 1 até o 15, saltar para o 29 e ler até o 34, letra c?
A Bíblia é importante? Por quê?
É certo dizer que Jesus é Palavra? Por quê?
Existe alguma revelação nova nos dias atuais?
Explique.
A Inspiração é faculdade ou dom de todas as pessoas?
Explique.
Cada um pode interpretar autenticamente a Sagrada
Escritura? Explique.