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CANÇÃO NOVA
Na conversa com os jornalistas, nesta segunda-feira, 13, durante o voo de retorno a Roma, o papa Francisco disse não ter se ofendido com presente que recebeu do presidente da Bolívia, Evo Morales, durante sua visita à América do Sul.
Morales presenteou o pontífice com a escultura de uma foice unida a um martelo, onde está fixada a imagem de Jesus crucificado. O objeto, tido por muitos como sinal do comunismo, foi esculpido pelo padre Espinal, jesuíta, morto em 1980.
Francisco disse que não sabia que o sacerdote era escultor e poeta, e precisou contextualizar para entender a obra. Para ele, a escultura é uma arte de protesto.
“Inclusive as poesias de Espinal são daquele gênero de protesto, mas era a sua vida, era o seu pensamento, era um homem especial, com tanta genialidade humana, e que lutava com boa fé. Fazendo uma hermenêutica do gênero, eu entendo essa obra. Para mim não foi uma ofensa. Mas precisei fazer essa hermenêutica e digo para vocês para que não existam opiniões erradas. Este objeto agora eu levo comigo. Vem comigo”, disse.
Economia na Grécia
A entrevista coletiva foi também ocasião para outros assuntos, entre eles, a situação econômica atual da Grécia. O papa espera que os governos encontrem um caminho para resolver o problema no país, de modo que a crise não atinja outras nações. “E que isso nos ajude a ir adiante, porque aquela estrada do empréstimo e das dívidas no final, não termina nunca”, considerou.
Classe média
Questionado sobre a falta de mensagens direcionadas para a classe média, já que a maioria dos discursos do papa são voltados, na maioria das vezes, para os pobres e também para os ricos e poderosos, o pontífice respondeu:
“O senhor tem razão, é um erro da parte minha. Devo pensar sobre isso. Farei algum comentário, mas não para me justificar. O Senhor tem razão, devo pensar um pouco. O mundo está polarizado. A classe média está menor. A polarização entre os ricos e os pobres é grande, isso é verdade, e talvez isso me levou a não perceber aquilo. Falo do mundo, alguns países não, vão muito bem; mas, no mundo em geral, a polarização se vê e o número dos pobres é grande. Então, por que falo dos pobres? Mais porque está no coração do Evangelho, e sempre falo do Evangelho sobre a pobreza, ainda que seja sociológica. Depois, sobre a classe média têm algumas palavras que eu disse, mas um pouco ‘em passant’. Mas a gente simples, a gente comum, o operário… aquilo é um grande valor”, explicou.